3 de abr. de 2010

Por que falamos e não fazemos

Você concorda com os resultados desta pesquisa? Em sua opinião, o que contribui para esta falta de atitude?

O resultado pode ser comparado com o tabagismo. Da mesma forma que a atitude sustentável, o hábito de fumar é admito por todos como algo nocivo e prejudicial à saúde, mas o índice de pessoas que deixam de fumar é menor que a taxa de ingresso de novos tabagistas. Qual o paralelo entre as duas atitudes, ou falta de atitude? O simples fato de que embora a ação inconsequente ocorra hoje, as consequências sabidamente dar-se-ão no termo futuro. E no caso das consequências ambientais, quando ocorrem são facilmente transferidas à terceiros pelo cidadão comum. Culpam-se empresas, governos e o vizinho.

Pesquisas como a apresentada expõem somente o comportamento do cidadão médio, consciente de suas atitudes, mas incapaz de fazer algo, ou de fazer algo mais. É preciso que a consciência das atitudes presentes e sua corresponde consecutividade futura rompa o ciclo da inércia comportamental de empresas, de governos e do vizinho. E principalmente a nossa.

Você se encaixa neste perfil de pessoas? Por quê?

Sim. Eu, meu vizinho, você e seu vizinho. Todos nós. Não há ninguém, absolutamente ninguém que não possa ter mais atitudes socioambientais responsáveis em nosso dia-a-dia. Embora a consciência da degradação socioambiental seja um conceito muito difundido, é facilmente esquecido quando se entra no campo das ações, em virtude da necessidade de ações imediatas, de regra contaminada por conceitos incompatíveis com a premência de um mundo poluído social e ambientalmente, que são praticadas de forma automatizada, irracionada.

O que acha que pode ser feito para que a teoria e as “palavras” se tornem ações?Seja no meio empresarial, na sua casa, no trabalho, no seu bairro, etc.

A transmutação dos valores socioambientais em ações, passa, necessariamente, por uma reestruturação do macroambiente econômico. Enquanto os combustíveis renováveis não forem economicamente competitivos continuaremos queimando reservas de combustíveis fósseis, embora a consciência da relação causa-efeito seja de conhecimento geral. Enquanto as lâmpadas de baixo consumo não se mostrarem economicamente viáveis continuaremos aumentando nossa demanda por eletricidade, embora saibamos que não seja uma atitude sustentável. O imediatismo econômico pregado pelo capitalismo (o sistema vigente, vencedor entre outros sistemas, e para muitos imutável) impõem à sociedade a necessidade de abdicar de certas ações sustentáveis face a premência dos aspectos econômicos, supervalorizados na sociedade de consumo.

Considerando que a citada sociedade de consumo não se alterará drasticamente no ambiente capitalista, e que o referido modelo econômico continuará vigorando, a missão de facilitador da empregabilidade das práticas socioambientais, em maior ou menor grau já incutidas na sociedade, cabe às estruturas de mercado, sejam elas governo ou o próprio mercado, como se verifica em modelos liberais. A expectativa de que a sociedade de consumo altere os meios de produção para um modelo sustentável, como a pesquisa evidencia, apresenta resultados lentos e muitas vezes inócuos. Enquanto não considerarmos que a lógica da sociedade de consumo subverte a consciência socioambiental, continuaremos no campo das idéias, publicando pesquisas sobre a inefetividade das políticas de conscientização.

Fonte:

http://www.iea.usp.br/artigos/limoeirocardosoflorestan1.pdf

Capitalism: A Love Story - Michael Moore


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