19 de fev. de 2008

A lenta e sofrida (sofrível!) derrocada do português

Não, não é mais uma piada sobre nossos colonizadores lusófanos, e sim a derrocada da nossa língua máter, o idioma de Camões, de Saramago, de Joao Ubaldo Ribeiro, enfim de todos os nossos aclamados escritores em todo mundo. E não me refiro ao internetês, uma praga arraigada na cultura da maioria dos adolescentes que perseveram nos msn's da vida, e sim à própria mídia escrita e falada que vem gradativamente isolando o bom português em ilhas cada vez mais isoladas. Como assinante da Men's Health, fiquei perplexo em ler na capa desta revista editada pela abril os seguintes dizeres: "Estilo para se destacar no trampo" ou "amendoim com cerva faz bem". Trampo?Cerva? Que barbarismos são esses? Desde quando uma revista precisa lançar mão de gírias para bem se comunicar com o público a que se destina? Concordo que todas às línguas vivas estão em constante desenvolvimento, com a criação de novas palavras que refletem o momento cultural da sociedade que representam, motivo pelo qual justamente a língua é tão frequentemente identificada como um dos maiores ícones de um povo. Não obstante estas constatações existem os limites impostos pela representatividade regional do neologismo(!?), e pela ausência de uma palavra que possa melhor traduzir a idéia a ser expressada, neste exemplo, trabalho e cerveja. Em tempo, trampo, um termo vulgar, eminentemente paulista deve ser exportado para as outras regiões de abrangência da revista por qual motivo? Pelo caráter amplo, geral e irrestrito da sua utilização em nosso país? Não. Pelo ausência de um termo que melhor expresse o arquétipo laboral? Evidente que não. Então, caros jornalistas, todos mui especializados na arte de bem comunicar as idéias, por que raios persistem em fazer chacota da língua de nossa poetas? E por falar neles, só me resta dizer isto: Vou me embora pra Pasárgada, lá sou amigo do rei, terei a mulher que quero na cama que escolherei. Em bom português, é claro.